[RESENHA] ESCURIDÃO - MY LAND 1 - ELENA P. MELODIA




Alma tem 17 anos, e nada em sua vida difere das meninas de sua idade: escola, programas com seu grupo de amigas, tédio e impaciência na relação com a família. Até o dia em que vê um caderno roxo numa vitrine e, por puro impulso, o compra. A partir daí, acontecimentos horripilantes começam a se suceder. Todos descritos em detalhes nas páginas do caderno...antes de acontecerem. Com a letra dela. Que não se lembra de ter escrito nada. Quem é Alma, na verdade? Quem é Morgan, seu misterioso amigo de escola, que parece ter respostas para o que está acontecendo? E como impedir que as forças do mal se aproximem dela e de quem ela ama?

Eu escolhi este livro pela capa. Ela dá um ar de mistério que combina com a história. Mas então a editora resolveu mudar a capa e ficou horrível. A segunda capa faz parecer que é um filme ruim de gangues da década de 80. 


Escuridão é o primeiro livro da Trilogia My Land, mas se o livro se chamasse frio também estaria certo. É um livro que mostra tanto a frieza das pessoas quanto do ambiente. As cenas principais da história sempre se passam a noite em algum lugar frio ou úmido. Acho que é o cenário perfeito para uma história sobrenatural.


Alma é uma garota que parece comum até demais, exceto pela sua maneira de encarar o mundo. Ela é de uma frieza total, lida com tudo de forma racional, como se não tivesse sentimentos. Ela preza o poder e considera as emoções como fraqueza.

      “Saber dosar as emoções é uma necessidade, além de um dever: sorrisos e lágrimas podem ser muito perigosos se ficarem fora de controle. Devem ser administrados com conta-gotas para não caírem nas mãos de algum desgraçado capaz de usá-los contra você mesma.”

Seu grupo (composto por Seline, Agatha e Naomi) é quem decide quem vale a pena ou não dentro da escola.  E para isso os demais devem provar que merecem a amizade desse quarteto de lindas garotas.

No grupo familiar temos sua mãe Jenna, que é totalmente ausente devido ao seu trabalho. Adam, o irmão revoltado e Lina, a irmã de 9 anos que é única pessoa por quem Alma demonstra ter algum sentimento.

Desde que sofreu um acidente de carro, no qual foi a única sobrevivente, Alma é atormentada por pesadelos. Que só pioram depois que ela compra um caderno roxo numa papelaria estranha e começa a escrever sobre assassinatos nele enquanto dorme. Mas essa não é a parte mais intrigante. O mais assustador é que ela descobre que os assassinatos estão realmente acontecendo. Mas como isso é possível? Seria Alma uma sonâmbula que presencia os assassinatos? Ou uma vidente?

Alma começa a perceber que pessoas com características parecidas estão em todos os lugares que ela vai. Como se a estivessem seguindo, mas quem são essas pessoas? Por que a estão seguindo? Será que realmente a estão seguindo, ou é tudo paranoia da cabeça dela?

Para completar o quadro, ainda tem o misterioso Morgan. Um garoto boa pinta, por quem a maioria das garotas na escola suspiram e que parece ter as respostas para o que está acontecendo. Mas será que ele é confiável? Será que Alma pode confiar em qualquer pessoa, sem que a considerem louca? Ou uma cúmplice de assassinato? Ou pior, uma assassina?

Junto com esses mistérios, há os problemas das suas amigas: fotos íntimas expostas para toda a escola, risco de ir para um orfanato e o envolvimento de uma das garotas com uma turma barra pesada, suspeita de crimes e até de estupro.

No meio de tudo isso está Alma, tentando salvar todo mundo (quando não consegue nem salvar a si mesma), procurando respostas, se apaixonando e tendo de lidar com as emoções dela e das amigas. Coisa que ela nunca achou importante.

Confesso que quando li este livro me identifiquei muito com a Alma. Assim como ela, eu estava passando por um período de completa escuridão na minha vida e só tinha perguntas sem solução. A autora descreveu essa sensação perfeitamente bem.

Mesmo Alma sendo durona, ela cai em desespero sem ter a quem recorrer muitas vezes. É nesses momentos que surgem Morgan, como um bálsamo para seu sofrimento. Mas não pensem num romance meloso, pois isso não combina com ela. Aliás, é mais uma atração, mesmo porque Alma já tem problemas demais na sua vida para ainda engatar um namoro com alguém de quem ela sabe quase nada.

Dois pontos que amei nesse livro foram: primeiro, a lealdade de Alma com suas amigas. É algo irreal até, não é baseada em promessas ou juramentos, mas sim, uma lealdade racional. Ela decidiu que seria leal e por essas amigas ela fará qualquer coisa. Quando uma das amigas precisa dela, ela não fica de mimimi, ou sofrendo junto com a garota. Ela simplesmente vai ajudar, não se importando nem com os riscos que isso trará para ela.

“É um pequeno sinal, uma bobagem aos olhos do mundo. Mas para nós representa um ponto de partida, um apoio a partir do qual podemos creditar que não perderemos nossa amiga.”

Segundo ponto, Alma é uma protagonista forte. Mesmo no vendaval que é sua vida, ela não fica esperando por um príncipe num cavalo branco para salvá-la. Ela vai atrás de respostas. Encara o problema. E mesmo quando começa a se apaixonar, não fica abobalhada a ponto de perder seu foco. Verdade seja dita, que há vezes ela é dura demais, mas eu gostei disso. É um diferencial na literatura.

“É incrível como as pessoas têm tendência a ver problemas onde eles não existem. Quem sofre um acidente tem obrigatoriamente que sair ferido. Quem passa por um luto tem que estar arrasado. Não é assim que funciona se você for forte. E eu sou.”

O pouco de calor que aparece na história é quando Lina entra em cena. A irmãzinha muda de Alma, que com seu silêncio consegue atravessar o gelo do coração da protagonista.

A leitura desse livro é sombria. Não tem como amar este livro, nem seus personagens. Você só consegue continuar a lê-lo porque também necessita de respostas. É como estar se afogando e buscar por ar. Você não pensa se ama ou não ar, você apenas o deseja desesperadamente. É assim este livro. Intrigante, misterioso, estranho, sombrio e frio. É um livro ótimo!

“Como assim, você não acabou de dizer que não dá para amá-lo e ainda diz que é ótimo?” Exatamente por isso. Não é um “romance sobrenatural”, é um livro sobrenatural e ponto. Não esperem por suspiros e mocinhas com borboletas no estômago, porque isso não existe em Escuridão.

A autora já diz no início que os mistérios serão desvendados ao longo dos três livros. Então, nada de reclamar que o livro só deixa perguntas sem respostas, pois este é um livro introdutório. Como já disse: você não se apaixona pelo livro, você apenas sente uma necessidade desesperadora de saber o que está acontecendo. E é nesse espírito que você parte para o próximo livro.

Leia Escuridão e me conte qual foi a sua sensação em relação a ele.

Bjs e boa leitura!





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